Lembrar de coisas lidas há tanto tempo, ainda por cima naquele inglês rococó e traiçoeiro do Scott Johnsonn poderia ser considerado uma grande bravata se para isso não tivessem contribuido tantas madrugadas, muito assovio e um bagaço de (pasmem) sessenta e cinco anos bem conservados. Pois lembrou, recriou e criou mas não me perguntem quais os seus e quais os da personagem. Nem ele saberia dizê-lo.
I
a dezanove de março de
mil novecentos e lá vai
a noite
havia um rumor da
madrugada entre o
silêncio das velas
e o corpo da luz
- depois das vozes só o
cáustico rugido do
álcool,
só a dor da solidão no quarto
minguante do meu
rosto sozinho,
entre lágrima e
sofreguidão
entre maresia e alentejo
eu vi a sombra do meu eu
no corpo de uma alegria,
perto – dentro
do bar Tejo…
II
e havia entre o
som das lágrimas
o grito das mãos
suadas
sobre o tambor
do teu corpo
…
e o teu corpo
tinha um nome…
era Lisboa!
III
agora que a aguardente
de quarenta e sete
- depois de tudo o que fez –
chegou a
dois mil e dez,
eu sou eco do meu eu
depois do que
nem vi,
sonho, mansidão,
rebeldia,
entre o resto do que vi
de noite
e o que hei-de inventar
de dia…
(sorrindo…) –
IV
a vida é um vôo
onde depois da fila 42
já se pode
fumar…
V
agora que dormem estes olhos
sobre o dorso
da noite lisboeta,
restam vozes gritadas
na calma de um
murmúrio
disfarçado de
segredo,
e eu quero ser
o adormecer dos teus
olhos
sobre uma Lisboa feita dorso
de um rio,
feita leito, leite, de um eterno
encantamento…
(…)
afinal a noite
era uma vela
acesa sob
a densa luz
invisível dos
Ai!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarcomo isso é lindo!
"afinal a noite/ era uma vela/ acesa sob
a densa luz/ invisível dos/ teus olhos mansos"
Valida pela minha relação com Scott... Senti na pelo!
Eliane Velozo
pura poesia.....
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