O escritor Ondjaki teve dois dedos de prosa com Scott Johnsonn e, só depois que se despediram foi que teve uma leve impressão, que lhe pesou na consciência, de que o outro havia deixado nas entrelinhas da conversa a intenção de se suicidar.
O Ondjaki dificilmente terá o vagar para escrever essa passagem, não fosse ele um dos mais requisitados escritores dos nossos dias, mas esse encontro já foi aproveitado em “O rio, ou de um encontro no Tejo”, pelo professor psicólogo António Gonzales que descobriu Scott Johnsonn no homem à beira do Tejo… Para alívio do escritor angolano: foi aquela oportunidade de desabafo que facilitou o trabalho do professor que conseguiu convencer o estranho a participar de uma aula práctica no ISPA (Instituto de Psicologia Aplicada), na qual foi o protagonista de um psico-drama que, para além de dissuardí-lo de seus intuitos funestos, fez com que se descobrisse de onde vinha a sua compulsividade para a escrita.
Uma ideia para terna história é a da Giazinha (não me recorda o seu nome) que, pelos vistos (já lá vai tanto tempo), também não a porá no papel, e conta de uma andorinha que todos os anos fazia o ninho junto à janela do soturno e obstinado escritor e confundía-o como sendo um dos adereços da sala.
Outro carinho de história pode surgir da imaginada pela senhora Maria João, que muito bem conhece o universo canino, pela paixão e pela convivência, tem seis em casa e uma tatuada no ombro. Trata-se de um cão que o avô do Scott fez presente ao neto e que prefere acompanhar o velho pela boêmia que ficar em casa com o jovem que estava mais para a companhia do gato da casa a roçar o rabo duro nas pernas daquela estátua sentada. Segundo a João, é o próprio cão o narrador. Eu dei ainda a sugestão machadiana de que fosse uma história póstuma: O cão contaria que morreu atropelado na Quinta Avenida, mas que morrera feliz da vida pois, livre.
Muitas outras existem mas ainda estão presas.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
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